Motivação à Higiene Oral

Qual a importância da higiene oral na prevenção de doenças orais?
É fundamental. Uma boa higiene oral permite a eliminação de substrato (alimento) das bactérias presentes na boca com capacidade de desencadear doenças orais.

Quantas vezes devo escovar os dentes por dia?
Idealmente ao fim das principais refeições (3). Obrigatoriamente ao fim do pequeno-almoço e antes de dormir.

Como devo escovar os dentes?
Usar uma escova manual média ou escova elétrica, colocar pasta dentária fluoretada (1450ppm) em quantidade igual a um grão de ervilha. A escovagem deve contemplar todas as faces dentárias.
Idealmente, deverá ser feita uma pré-escovagem de cerca de 1 minuto, seguida de passagem de fita dentária ou fio dentário entre todos os dentes. Depois deste processo, lavar com água para eliminar resto de comida.
Por fim, escovar cuidadosamente com movimentos circulares todas as faces dentárias durante 3 minutos com escova manual ou 2 minutos com escova elétrica. Passar a escova nas bochechas e na língua.
Cuspir todo o excesso de pasta dentária e NÃO passar a boca por água.

O que é melhor, escova manual ou elétrica?
Ambas são boas desde que a escovagem seja cuidadosa e correta, contudo a escova elétrica tem a enorme vantagem de fazer os movimentos de escovagem recomendados para uma melhor remoção de placa bacteriana e restos de alimentos.

Quando devo trocar de escova?
Normalmente, uma escova se for bem usada ao fim de 3 meses perde eficácia, é fácil de reconhecer pois as cerdas ficam estragadas. Mesmo no caso das escovas elétricas as cabeças devem ser substituídas no máximo de 4 em 4 meses.

Não consigo usar o fio dentário mas escovo bem, é suficiente?
Não. Sem uma higiene eficaz interproximal (entre os dentes), a higiene não está completa. Deve tentar o mais possível usar o fio ou fita (pode ser mais confortável se impregnada com cera) e se persistir a dificuldade existem no mercado aplicadores de fio que facilitam a vida dos pacientes. Para espaços maiores deve ser usado um escovilhão interdentário.

Que pasta devo usar?
Recomenda-se sempre o uso de uma pasta fluoretada (para adultos 1450 ppm Fluor) devido à ação protetora do fluor sobre o esmalte.
Existem situações em que é necessário o uso de pastas específicas, que devem ser sempre recomendadas pelo médico dentista.

Devo usar colutório / solução de bochecho?
Depende da situação. Há casos em que o médico dentista prescreve. Nesses casos deve ser cumprida a prescrição médica. Na grande maioria dos casos não é necessário. O uso de soluções de bochecho dá, por vezes, a falsa sensação de limpeza e o paciente tende a substituir a escovagem pelos bochechos, o que é errado. A ação mecânica da escovagem é o mais importante para uma boa higiene oral.

Devo usar pasta branqueadora?
A pasta branqueadora deve ser usada com prudência e sempre com aconselhamento prévio do médico dentista.
Na maioria das situações, o efeito negativo (abrasivo) das pastas branqueadoras é amplamente superior ao efeito branqueador. Se quer uns dentes mais claros aconselhe-se com o seu médico dentista.

Quando devo começar a higiene oral do(a) meu(minha) filho(a)?
A partir do nascimento. Inicialmente, com dedeira ou compressa húmida higienizar as gengivas do bebé e depois da erupção dos dentes decíduos com uso de escovas e pasta dentária adequada à idade da criança.

Que cuidados devo ter com a higiene oral dos idosos?
O paciente geriátrico é, por norma, um paciente com alguma dificuldade motora pelo que, o uso de escova elétrica pode ser uma grande ajuda. Da mesma forma o cuidador deve estar motivado e informado para a importância da higiene oral nestas idades e disponível para a fazer ao paciente.
Uma boa higiene oral previne um grande número de patologias frequentes em pacientes com doenças crónicas.

 

Artigo por: Drª. Carla Cardoso (Cédula Profissional nº 3972)

Dentes do Siso

O que são os dentes do siso?
São os terceiros molares, normalmente são quatro (um por quadrante) e erupcionam em média aos 18 anos.

Porque são tão problemáticos?
Devido à sua erupção tardia, e devido à falta de espaço para uma correta erupção.
Evolutivamente estão condenados ao desaparecimento, graças à diminuição do tamanho da boca e à falta de necessidade do ser humano em ter 3 molares (hábitos alimentares privilegiando alimentos confecionados e processados).

Quando é necessário proceder à extração dos dentes do siso?
Sempre que o médico dentista o recomende. Na grande maioria dos casos, os terceiros molares erupcionam de forma incorreta e causam infeções (periocoronarite). Além disso, são dentes que, devido à sua posição posterior, são de difícil acesso durante a higienização e são mais propensos a ter lesões de cárie dentária.

A extração dos dentes do siso dói?
Não. O uso de anestesia local permite uma cirurgia totalmente indolor. O que pode acontecer é demorar um pouco mais a extrair (sobretudo os inferiores).
No pós-cirúrgico deverão ser cumpridas rigorosamente todas as indicações médicas. Fazer aplicações locais de gelo, evitar exposições ao sol, exercício físico intenso e não fumar, são algumas das recomendações. É também prescrita medicação pelo profissional de saúde: analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos se necessário.
Não há, portanto, que ter medo.

Como sei se tenho dentes do siso?
Nas consultas de rotina, o médico dentista vai acompanhando a erupção dentária, contudo o mais recomendado é a realização de uma ortopantomografia (raio-X) que permite confirmar a existência dos terceiros molares e a posição na arcada.

 

Artigo por: Drª. Carla Cardoso (Cédula Profissional nº 3972)

Odontopediatria

O que é?
É uma área da Medicina Dentária vocacionada para o tratamento e acompanhamento da saúde oral de crianças de todas as idades.

Quando deve ser a primeira Consulta de Odontopediatria?
Idealmente deverá ser após a erupção do primeiro dente ou antes no caso de haver algum problema ou dúvidas por parte dos pais.

Qual a importância da Odontopediatria?
A saúde oral deve acompanhar a saúde geral, pelo que deve ser feito um acompanhamento por parte de um médico dentista durante a infância. Nas consultas odontopediátricas além de diagnóstico e tratamento, também é feita a motivação à higiene, que inclui explicações aos pais e à criança de bons hábitos de higiene e hábitos alimentares saudáveis.

Os dentes decíduos/de leite devem ser tratados?
Sim. A dentição decídua é muito importante para a mastigação e fala da criança. Para além disso os dentes de leite servem de guia para a correta erupção dos dentes definitivos.
O não tratamento de dentes decíduos cariados pode implicar dor e quadros agudos com necessidade de tratamento com antibiótico.

A criança tem medo do dentista o que devo fazer?
Conversar com a criança e tornar a ida ao dentista uma situação rotineira, ou seja o mais normal possível. Quanto mais cedo for a primeira consulta menos medo a criança têm.
Os pais nunca devem mostrar desconforto em ir á consulta mesmo que o sintam. Se os pais demostram medo a criança terá maior probabilidade de ter medo.

Que questões devo colocar na Consulta de Odontopediatria?
Todas as que forem necessárias. Pais esclarecidos e motivados são fundamentais para crianças colaborantes.

 

Disponível em:

Centro Médico de Arouca
256 944 861 (chamada para a rede fixa nacional)

Policlínica São Tiago do Lobão
256 918 707(chamada para a rede fixa nacional)

 

Artigo por: Drª. Carla Cardoso (Cédula Profissional nº 3972)

Abertura das Novas Instalações das Clínicas CMP em São João da Madeira

As Clínicas CMP acabam de abrir novas instalações em São João da Madeira. Este espaço moderno foi criado para oferecer uma experiência de saúde mais cómoda e eficiente para os utentes da região.

Um Espaço Pensado no Conforto e na Inovação

As novas instalações destacam-se pelo seu design acolhedor e adaptado a todas as pessoas, incluindo aquelas com mobilidade reduzida, proporcionando um ambiente acessível e profissional. Este investimento reflete o compromisso das Clínicas CMP em promover o bem-estar e a confiança dos utentes desde o momento em que entram nas nossas instalações, com vista à melhoria continua.

Exames de Diagnóstico: O Futuro Chegou

As Clínicas CMP estão agora a reunir, num único local, uma vasta gama de exames de diagnóstico:

Radiologia:
– Ecografias (já em funcionamento)
– TAC (Brevemente)
– Raio-X (Brevemente)

Cardiologia:
– Consultas de Especialidade (Brevemente)
– Ecocardiograma (Brevemente)
– Prova de Esforço (Brevemente)
– Holter (Brevemente)
– Mapa 24/48h (Brevemente)
– ECG (Brevemente)

Esta centralização dos serviços visa facilitar o acesso dos utentes a diagnósticos rápidos e precisos sem necessidade de deslocações para diferentes locais. Nesse contexto o Grupo CMP realiza este investimento em novos equipamentos de ecografias com novas versões GE Fortis com tecnologia recente incluindo I.A. (Inteligência Artificial) .

Ecografias Já em Funcionamento

As ecografias já estão em pleno funcionamento nas novas instalações. Com equipamentos de última geração e uma equipa altamente qualificada, o serviço prestado destaca-se pela sua excelência e adaptação às necessidades dos utentes.

Localização

As novas instalações localizam-se na sede do Grupo Clínicas CMP, na Rua Vale do Vouga, 1494, junto à linha de comboio e próximo do centro de saúde. Para mais informações, visite o site ou contacte pelo número 256 830 700.

Compromisso com a Comunidade

Com esta expansão, o Grupo Clínicas CMP reforça o compromisso com a saúde e bem-estar da comunidade, garantindo um atendimento humanizado e focado na prevenção e no diagnóstico precoce. A Gerência convida todos os utentes a conhecerem as novas instalações e os serviços disponíveis.

Relevância do Cancro Colorretal e das formas de Rastreio e Prevenção

O cancro do cólon e recto (CCR) é uma patologia que, pela sua elevada incidência e mortalidade, tem elevado impacto social e económico.

De acordo com dados recentes, em Portugal, cerca de 10000 pessoas são diagnosticadas com CCR todos os anos (a sua incidência é mais elevada do que a dos cancros da mama e próstata). Para além de ser muito frequente é uma doença grave, cuja mortalidade se aproxima dos 45% (morrem cerca de 11 portugueses por dia com esta doença). Este impacto social pode ser minimizado pela adoção de estratégias de rastreio de CCR que, comprovadamente, são custo-eficazes na redução da mortalidade por esta neoplasia.

Tendo em conta a elevada prevalência, a gravidade e a eficácia do rastreio do CCR, as entidades nacionais (Direção Geral de Saúde, Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva, entre outras) têm vindo a promover ações de informação à população e à comunidade médica acerca da relevância deste problema bem como das formas conhecidas de prevenção primária e secundária.

Segundo as recomendações internacionais, a colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes por método imunoquímico são os métodos de rastreio de 1ª linha a propor no rastreio do CCR. Entre os dois métodos, apesar de mais invasivo, a colonoscopia apresenta sensibilidade e especificidade mais elevada com a possibilidade de diagnóstico e cura das lesões precursoras de CCR (pólipos do cólon e reto). Dessa forma, todas as pessoas com 50 ou mais anos de idade (ou mais jovens se tiverem história familiar de CCR) deverão ser incluídas em programas de rastreio de CCR de forma a diagnosticar precocemente ou até evitar o aparecimento da doença.

Artigo por: Prof. Dr. Paulo Salgueiro
Responsável da Gastroenterologia do Centro Médico da Praça – São João da Madeira
Especialista de Gastroenterologia do Hospital Santo António – Porto

Outubro Rosa – Cancro da Mama

Em Portugal e em diversos países, o mês de outubro é conhecido como “Outubro Rosa”, em celebração do Mês de Consciencialização do Cancro da Mama.

Este ano, a Liga Portuguesa Contra o Cancro está a promover o Outubro Rosa com a finalidade de consciencializar para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama, nomeadamente através do Rastreio, e divulgar informação e formas de apoio à mulher e família.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Oncologia, o cancro da mama é o tipo de cancro mais comum nas mulheres portuguesas. Todos os anos, mais de 7000 mulheres são diagnosticadas com cancro de mama e cerca de 1800 morrem da doença.

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento do cancro da mama.
A Sociedade Portuguesa de Oncologia também sensibiliza as mulheres para que façam mamografias e auto exames o mais rápido possível, mesmo que não suspeitem de que algo possa estar errado.

Se diagnosticado e tratado precocemente, o cancro da mama tem uma taxa de cura superior a 90%. A prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para a cura e manutenção da qualidade de vida da mulher.

Mamografia, o principal exame de diagnóstico de Cancro da Mama
A mamografia de alta resolução é um exame de imagem que usa raios-x de baixa dosagem, para criar imagens de alta resolução da mama. Esta tecnologia é usada para detetar pequenas anormalidades no tecido mamário que podem não ser visíveis numa mamografia padrão.
A mamografia de alta resolução é particularmente útil para as mulheres com tecido mamário denso, o que pode dificultar a deteção de anormalidades numa mamografia padrão.
Esta tecnologia também é útil para mulheres que fizeram cirurgias mamárias anteriores, pois pode ajudar a identificar qualquer tecido anormal remanescente.

Saiba onde pode fazer este exame:

Clínica CMP Ovar
Estrada de São João 309, 3884-909 Ovar | 256 590 040 (chamada para a rede fixa nacional)

First Clinics
Avenida do Brasil 1112, 3700-068 S. João da Madeira | 256 064 865 (chamada para a rede fixa nacional)

GRA – Gabinete de Radiologia de Azeméis
Rua Doutor Leopoldo Soares Reis 50, 3720-124 Oliveira de Azeméis | 256 661 200 (chamada para a rede fixa nacional)

Ecofeira
Avenida 25 de Abril 19D, Santa Maria da Feira | 256 365 089 (chamada para a rede fixa nacional)

Mortes associadas ao Exercício Físico

Sabia que as mortes associadas ao exercício físico ocorrem, quase na totalidade, em praticantes de meia-idade e nas atividades físicas de lazer?

Pouco se tem escrito sobre a ocorrência de paragem cardíaca súbita (PCS) durante as atividades físicas recreativas e de lazer. É vulgar associar-se o desporto de lazer à prática de exercícios de baixa intensidade e baixo nível de stress, o que nem sempre é verdade.

O exercício físico de baixa intensidade é considerado muito seguro e os seus efeitos benéficos são recomendados em todas as idades e em quase todas as situações.
O esforço intenso e o stress associado à competição, por outro lado, são gatilhos que podem originar a PCS e o enfarte do miocárdio.

Um estudo prospetivo, recentemente publicado* e que envolveu a população de Paris, de 2005 a 2018, demonstrou que 94,7% das 377 PCS associadas ao exercício físico ocorreram em praticantes de meia-idade e em desportos recreativos. Os autores salientaram, a propósito das medidas de prevenção deste evento, as duas estratégias fundamentais: triagem sistemática dos praticantes através do exame médico-desportivo e medidas de reanimação (RCR) imediatas no terreno, que devem incluir o uso muito precoce do desfibrilador automático externo (DAE).

A causa de morte mais frequentemente identificada foi a doença das artérias coronárias (68,7%), seguida das miocardiopatias (16,9%) e as cardiopatias elétricas (9,6%). A PCS foi presenciada em 347 casos (92,3%) e as manobras de reanimação foram iniciadas em 258 casos (68,4%). O DEA foi usado no terreno antes da chegada do serviço médico de emergência em apenas 38 casos (10,5%). Nestes casos, constatou-se também que poucos espectadores estavam cientes da mudança de regulamentação que possibilita, desde 2007, a utilização do DEA por leigos, e como tal destacaram a necessidade de educar o público para permitir o uso mais generalizado do desfibrilador.

A baixa eficácia do exame médico-desportivo na identificação dos indivíduos em maior risco de morte súbita tem sido apontada em vários estudos recentes, em particular quando se trata da doença coronária. Porque a doença aterosclerótica coronária é a principal causa de PCS nos praticantes de meia-idade, a melhoria do rastreio da aterosclerose arterial na população em geral e em particular nos atletas e praticantes com idade superior a 35 anos que desejam praticar atividades desportivas de lazer deverá ser objeto de profunda reflexão. O uso de técnicas de imagem (score de cálcio coronário, angiotac e angiografia coronária) para o diagnóstico estrutural da doença coronária e os testes funcionais de isquemia miocárdica (ressonância magnética e cintigrafia miocárdica com estudo da perfusão e a prova de esforço) para a estratificação do risco são atualmente os melhores recursos.

De salientar, por fim, que o exercício físico intenso e o stress foram os dois fatores-gatilho que mais frequentemente explicaram a ocorrência destes eventos em portadores assintomáticos de lesões não críticas, o que, juntamente com a elevada eficácia do tratamento médico na estabilização e mesmo na regressão da placa aterosclerótica, faz com que a utilização destes meios seja fundamental na prevenção a curto e a longo prazo.

A realização do exame de avaliação médico-desportiva é, nestes casos, fundamental. Nos atletas e desportistas mais velhos este exame incluirá exame clínico, cálculo do risco cardiovascular, eletrocardiograma de repouso e um teste de esforço máximo em tapete rolante, entre outros.

*Bibliografia: Marijon e col. Evolution oflncidence, Management, and Outcomes Over Time in Sports-Related Sudden Cardiac Arrest.J Am Coll Cardiol. 2022Jan 25;79(3):238-246.

Exames Médico-Desportivos

  • Teste de Tilt (síncope e disfunção autonómica)
  • Prova de Esforço em tapete rolante e cicloergometro
  • Holter (24/48 horas e 7 dias)
  • Registo de Eventos (relógio)
  • ECG de repouso
  • Registo de Potenciais Tardios
  • Ecocardiografias
  • Doppler Carotídeo

Artigo por: Prof. Ovídio Costa
Especialista em Cardiologia

Doenças Cardiovasculares

Portugal tem mais de 5 mil pessoas com 100 ou mais anos e a previsão é para este número duplicar até 2050. Como as doenças cardiovasculares – o AVC e o Enfarte do Miocárdio – são as principais causas de morte no nosso país faz todo o sentido divulgar a sugestão do Prof. Braunwald, sugestão particularmente importante para o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos (e também para nós próprios).

Desde as primeiras descrições de metabolitos fúngicos isolados em culturas feitas por Akira Endo (1976), que as estatinas foram exaustivamente estudadas. Os últimos ensaios clínicos comprovaram 3 factos fundamentais:

  1. Eficácia das estatinas, isoladamente ou associadas a outros medicamentos, como por exemplo ezetimiba e inibidores da PCSK9;
  2. Redução da morbilidade e mortalidade cardiovascular, particularmente evidente nos casos em que se utilizaram doses mais elevadas de medicação e se conseguiram valores alvo de LDL (mau colesterol) mais baixos (< 55 mg/dl);
  3. Segurança, mesmo em doentes idosos.

Com base nestes e outros conhecimentos científicos recentes, o Prof. Eugene Braunwald explica a razão de ser desta sugestão (fig.1). Nesta figura estão representadas as 3 situações clínicas que documentam os conceitos fundamentais.

A linha vermelha indica a evolução da aterosclerose arterial em doentes com hipercolesterolemia familiar.

A hipercolesterolemia familiar é uma das causas genéticas mais frequentes da doença coronária prematura devido ao facto de, desde o nascimento, as crianças apresentarem valores muito elevados de colesterol (> 260-290 mg/dL). Acredita-se que a aterosclerose arterial se manifesta quando se atinge uma determinada carga total de colesterol/ano (tracejado amarelo) o que, nestes casos, ocorre muito precocemente, 20-40 anos nos homens e 40-60 nas mulheres (ponto B).

Na linha verde observamos a situação mais frequente na sociedade atual, em que os acidentes cardiovasculares ocorrem pelos 50 a 70 anos, altura em que, para valores médios muito mais baixos, se atinge este limiar (ponto A).

Obviamente que existem outros fatores muito importantes como o tabaco, a hipertensão arterial, a diabetes, que sabemos acelerar a evolução do processo aterosclerótico e/ou favorecendo a ocorrência do acidente cardiovascular (gatilho), como por exemplo o stress e o exercício físico intensos.

Na linha azul vemos o que o Prof. Braunwald nos propõe e que é a manutenção de valores alvo de colesterol, 60% inferiores aos valores atualmente considerados normais, de forma a atenuar o pendor da inclinação de progressão, atingindo-se o valor limiar (ponto C) apenas aos 100 anos.

Sabemos que esta hipótese documenta apenas um modelo conceptual fundamentado em evidências científicas recentes com possível aplicação na prática clínica diária. Servi-me dele para ilustrar as vantagens em recomendar taxas de colesterol mais baixas, de acordo com as recomendações mais recentes e um controlo mais eficaz dos fatores de risco cardiovascular, de forma a impedir a evolução ou mesmo erradicar a aterosclerose arterial e os acidentes cardiovasculares.

Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP)

A HBP é uma patologia ligada ao envelhecimento. Embora geralmente não coloque a vida em risco, manifesta-se através de um conjunto de alterações que reduzem em muito a qualidade de vida dos doentes.

A partir dos 45-50 anos os homens podem começar a sentir sintomas de esvaziamento (resultam da obstrução da via urinária pelo aumento do volume da próstata) como atraso no início da micção, esforço para urinar, intermitência, diminuição da força e calibre do jato miccional, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga ou mesmo retenção urinária. Os sintomas de armazenamento (resultam do aumento do tónus e contratilidade do músculo da bexiga), acontecem com resposta à barragem provocada pela próstata. Esses sintomas consistem no aumento da frequência miccional (diurna e noturna), a incontinência, a urgência miccional e a dor ao urinar. A presença destas queixas deve motivar a procura da ajuda especializada de um Urologista pois existe um variado número de doenças que se apresentam com estes mesmos sintomas e é fundamental chegar a uma conclusão acertada.

Na consulta, o doente irá ser avaliado e serão solicitados vários exames para chegar a um diagnóstico definitivo. Fazem parte destes exames complementares umas análises de sangue e urina para avaliação da função renal (ureia e creatinina), despiste de cancro da próstata (PSA) e exclusão de infeção urinária (urina II e urocultura). A ecografia aos rins, bexiga e próstata e a urofluxometria fornecem igualmente informações importantes e úteis na decisão da orientação terapêutica.

O tratamento varia de acordo com a intensidade e severidade dos sintomas e vão desde a vigilância à cirurgia passando pela medicação.

A tendência da evolução da HBP não tratada é no sentido dum agravamento lento mas progressivo dos sintomas e da perturbação de induzem na qualidade de vida do homem.

Existem apenas 2 fatores de risco reconhecidamente associado com o desenvolvimento e progressão da HBP: a idade e a ação da testosterona. Não sendo possível atuar sobre qualquer um deste fatores, a avaliação e tratamento precoce á única forma de amenizar e prevenir sintomas e futuras complicações.

Cuide de si e da sua saúde. Pare para “ouvir” o seu corpo. Se tem sintomas não deixe de procurar a ajuda de um Urologista.

Artigo por: Paulo Espiridião

Burnout – Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho

Dentro dos riscos psicossociais, entendidos como riscos para a saúde física, mental e social, originados pelas condições de trabalho, fatores organizacionais e relacionais que podem interagir com o funcionamento mental e o bem-estar psicossocial dos trabalhadores, encontramos o conhecido como síndrome de burnout.

Em 1974, Freudenberger relacionou situações de ansiedade e depressão nos trabalhadores com um estado que denominou de burn-out (queimar até o fim), acarretando desilusão, absentismo laboral, condutas de evitamento e abandono. Curiosamente chamou inicialmente este quadro como “doença dos chefes”.

Podemos definir este quadro como uma resposta inadequada a um stresse emocional crónico. Os fatores favorecedores para o despoletar são a sobrecarga laboral (trabalho burocrático ou marginal), pressão no trabalho (exigência de rendimentos através dos resultados), baixa implicação laboral (escassa autonomia, pouca participação na organização, gestão e planificação), falta de apoio das chefias, características do próprio local de trabalho e da personalidade do trabalhador.

A sobrecarga e pressão laboral atinge a grande maioria dos trabalhadores em numerosas tarefas e postos de trabalho, pela competitividade, necessidade de baixar custos, organização laboral rígida e exigente que caracteriza muitas organizações.

Estes quadros caracterizam-se por exaustão emocional, despersonalização (atitudes e sentimentos de frieza e distanciamento) e diminuição da realização profissional, que pode aparecer nas pessoas que trabalham com o público em geral. Particularmente atingidos são, entre outros, o pessoal sanitário, os professores, os empregados em trabalhos burocráticos e de administração, os empregados de call-center. No atual contexto de pandemia o teletrabalho poderá constituir uma situação de risco.

Um recente estudo (em 2017) da Ordem dos Médicos, revelou que 66% dos médicos da amostra analisada mostram um nível elevado de exaustão emocional, que 39% apresentam um nível elevado de despersonalização dos doentes e que 30% revelam um índice elevado de diminuição da realização profissional.

Os sintomas podem variar desde uma atitude de indiferença, de mero cumprimento das obrigações, sem empenho emocional e afetivo, até quadros psiquiátricos complexos, com repercussão não só laboral como a nível social e familiar, com as consequências, por vezes graves, que dai advêm.

Será que a prevenção terciária (tratamento e reabilitação) é a única coisa a fazer? No fundo, este nível de intervenção sobre os riscos psicossociais pressupõe o fracasso da Medicina do Trabalho.

A melhor forma e a mais eficaz de prevenir este e outros quadros provocados pelo stresse laboral, seria a prevenção primária, que implica um nível de intervenção tendo como objetivo mudanças sociais, nas organizações e no “desenho” do trabalho.

Entretanto, a prevenção secundária, visando a deteção precoce, pelo médico do trabalho (nos exames periódicos ou ocasionais), das alterações associadas a estes quadros e a pronta intervenção tanto a nível do trabalhador como da organização, continua a ser a forma mais prática de prevenir a instauração de quadros clínicos por vezes de difícil tratamento.

Artigo por: Máximo Fernández Colón
Especialista em Medicina do Trabalho
Especialista em Psiquiatria com a subespecialidade de Psiquiatria Forense