Relevância do Cancro Colorretal e das formas de Rastreio e Prevenção

O cancro do cólon e recto (CCR) é uma patologia que, pela sua elevada incidência e mortalidade, tem elevado impacto social e económico.

De acordo com dados recentes, em Portugal, cerca de 10000 pessoas são diagnosticadas com CCR todos os anos (a sua incidência é mais elevada do que a dos cancros da mama e próstata). Para além de ser muito frequente é uma doença grave, cuja mortalidade se aproxima dos 45% (morrem cerca de 11 portugueses por dia com esta doença). Este impacto social pode ser minimizado pela adoção de estratégias de rastreio de CCR que, comprovadamente, são custo-eficazes na redução da mortalidade por esta neoplasia.

Tendo em conta a elevada prevalência, a gravidade e a eficácia do rastreio do CCR, as entidades nacionais (Direção Geral de Saúde, Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva, entre outras) têm vindo a promover ações de informação à população e à comunidade médica acerca da relevância deste problema bem como das formas conhecidas de prevenção primária e secundária.

Segundo as recomendações internacionais, a colonoscopia e a pesquisa de sangue oculto nas fezes por método imunoquímico são os métodos de rastreio de 1ª linha a propor no rastreio do CCR. Entre os dois métodos, apesar de mais invasivo, a colonoscopia apresenta sensibilidade e especificidade mais elevada com a possibilidade de diagnóstico e cura das lesões precursoras de CCR (pólipos do cólon e reto). Dessa forma, todas as pessoas com 50 ou mais anos de idade (ou mais jovens se tiverem história familiar de CCR) deverão ser incluídas em programas de rastreio de CCR de forma a diagnosticar precocemente ou até evitar o aparecimento da doença.

Artigo por: Prof. Dr. Paulo Salgueiro
Responsável da Gastroenterologia do Centro Médico da Praça – São João da Madeira
Especialista de Gastroenterologia do Hospital Santo António – Porto

Outubro Rosa – Cancro da Mama

Em Portugal e em diversos países, o mês de outubro é conhecido como “Outubro Rosa”, em celebração do Mês de Consciencialização do Cancro da Mama.

Este ano, a Liga Portuguesa Contra o Cancro está a promover o Outubro Rosa com a finalidade de consciencializar para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama, nomeadamente através do Rastreio, e divulgar informação e formas de apoio à mulher e família.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Oncologia, o cancro da mama é o tipo de cancro mais comum nas mulheres portuguesas. Todos os anos, mais de 7000 mulheres são diagnosticadas com cancro de mama e cerca de 1800 morrem da doença.

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento do cancro da mama.
A Sociedade Portuguesa de Oncologia também sensibiliza as mulheres para que façam mamografias e auto exames o mais rápido possível, mesmo que não suspeitem de que algo possa estar errado.

Se diagnosticado e tratado precocemente, o cancro da mama tem uma taxa de cura superior a 90%. A prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para a cura e manutenção da qualidade de vida da mulher.

Mamografia, o principal exame de diagnóstico de Cancro da Mama
A mamografia de alta resolução é um exame de imagem que usa raios-x de baixa dosagem, para criar imagens de alta resolução da mama. Esta tecnologia é usada para detetar pequenas anormalidades no tecido mamário que podem não ser visíveis numa mamografia padrão.
A mamografia de alta resolução é particularmente útil para as mulheres com tecido mamário denso, o que pode dificultar a deteção de anormalidades numa mamografia padrão.
Esta tecnologia também é útil para mulheres que fizeram cirurgias mamárias anteriores, pois pode ajudar a identificar qualquer tecido anormal remanescente.

Saiba onde pode fazer este exame:

Clínica CMP Ovar
Estrada de São João 309, 3884-909 Ovar | 256 590 040 (chamada para a rede fixa nacional)

First Clinics
Avenida do Brasil 1112, 3700-068 S. João da Madeira | 256 064 865 (chamada para a rede fixa nacional)

GRA – Gabinete de Radiologia de Azeméis
Rua Doutor Leopoldo Soares Reis 50, 3720-124 Oliveira de Azeméis | 256 661 200 (chamada para a rede fixa nacional)

Ecofeira
Avenida 25 de Abril 19D, Santa Maria da Feira | 256 365 089 (chamada para a rede fixa nacional)

Mortes associadas ao Exercício Físico

Sabia que as mortes associadas ao exercício físico ocorrem, quase na totalidade, em praticantes de meia-idade e nas atividades físicas de lazer?

Pouco se tem escrito sobre a ocorrência de paragem cardíaca súbita (PCS) durante as atividades físicas recreativas e de lazer. É vulgar associar-se o desporto de lazer à prática de exercícios de baixa intensidade e baixo nível de stress, o que nem sempre é verdade.

O exercício físico de baixa intensidade é considerado muito seguro e os seus efeitos benéficos são recomendados em todas as idades e em quase todas as situações.
O esforço intenso e o stress associado à competição, por outro lado, são gatilhos que podem originar a PCS e o enfarte do miocárdio.

Um estudo prospetivo, recentemente publicado* e que envolveu a população de Paris, de 2005 a 2018, demonstrou que 94,7% das 377 PCS associadas ao exercício físico ocorreram em praticantes de meia-idade e em desportos recreativos. Os autores salientaram, a propósito das medidas de prevenção deste evento, as duas estratégias fundamentais: triagem sistemática dos praticantes através do exame médico-desportivo e medidas de reanimação (RCR) imediatas no terreno, que devem incluir o uso muito precoce do desfibrilador automático externo (DAE).

A causa de morte mais frequentemente identificada foi a doença das artérias coronárias (68,7%), seguida das miocardiopatias (16,9%) e as cardiopatias elétricas (9,6%). A PCS foi presenciada em 347 casos (92,3%) e as manobras de reanimação foram iniciadas em 258 casos (68,4%). O DEA foi usado no terreno antes da chegada do serviço médico de emergência em apenas 38 casos (10,5%). Nestes casos, constatou-se também que poucos espectadores estavam cientes da mudança de regulamentação que possibilita, desde 2007, a utilização do DEA por leigos, e como tal destacaram a necessidade de educar o público para permitir o uso mais generalizado do desfibrilador.

A baixa eficácia do exame médico-desportivo na identificação dos indivíduos em maior risco de morte súbita tem sido apontada em vários estudos recentes, em particular quando se trata da doença coronária. Porque a doença aterosclerótica coronária é a principal causa de PCS nos praticantes de meia-idade, a melhoria do rastreio da aterosclerose arterial na população em geral e em particular nos atletas e praticantes com idade superior a 35 anos que desejam praticar atividades desportivas de lazer deverá ser objeto de profunda reflexão. O uso de técnicas de imagem (score de cálcio coronário, angiotac e angiografia coronária) para o diagnóstico estrutural da doença coronária e os testes funcionais de isquemia miocárdica (ressonância magnética e cintigrafia miocárdica com estudo da perfusão e a prova de esforço) para a estratificação do risco são atualmente os melhores recursos.

De salientar, por fim, que o exercício físico intenso e o stress foram os dois fatores-gatilho que mais frequentemente explicaram a ocorrência destes eventos em portadores assintomáticos de lesões não críticas, o que, juntamente com a elevada eficácia do tratamento médico na estabilização e mesmo na regressão da placa aterosclerótica, faz com que a utilização destes meios seja fundamental na prevenção a curto e a longo prazo.

A realização do exame de avaliação médico-desportiva é, nestes casos, fundamental. Nos atletas e desportistas mais velhos este exame incluirá exame clínico, cálculo do risco cardiovascular, eletrocardiograma de repouso e um teste de esforço máximo em tapete rolante, entre outros.

*Bibliografia: Marijon e col. Evolution oflncidence, Management, and Outcomes Over Time in Sports-Related Sudden Cardiac Arrest.J Am Coll Cardiol. 2022Jan 25;79(3):238-246.

Exames Médico-Desportivos

  • Teste de Tilt (síncope e disfunção autonómica)
  • Prova de Esforço em tapete rolante e cicloergometro
  • Holter (24/48 horas e 7 dias)
  • Registo de Eventos (relógio)
  • ECG de repouso
  • Registo de Potenciais Tardios
  • Ecocardiografias
  • Doppler Carotídeo

Artigo por: Prof. Ovídio Costa
Especialista em Cardiologia

Doenças Cardiovasculares

Portugal tem mais de 5 mil pessoas com 100 ou mais anos e a previsão é para este número duplicar até 2050. Como as doenças cardiovasculares – o AVC e o Enfarte do Miocárdio – são as principais causas de morte no nosso país faz todo o sentido divulgar a sugestão do Prof. Braunwald, sugestão particularmente importante para o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos (e também para nós próprios).

Desde as primeiras descrições de metabolitos fúngicos isolados em culturas feitas por Akira Endo (1976), que as estatinas foram exaustivamente estudadas. Os últimos ensaios clínicos comprovaram 3 factos fundamentais:

  1. Eficácia das estatinas, isoladamente ou associadas a outros medicamentos, como por exemplo ezetimiba e inibidores da PCSK9;
  2. Redução da morbilidade e mortalidade cardiovascular, particularmente evidente nos casos em que se utilizaram doses mais elevadas de medicação e se conseguiram valores alvo de LDL (mau colesterol) mais baixos (< 55 mg/dl);
  3. Segurança, mesmo em doentes idosos.

Com base nestes e outros conhecimentos científicos recentes, o Prof. Eugene Braunwald explica a razão de ser desta sugestão (fig.1). Nesta figura estão representadas as 3 situações clínicas que documentam os conceitos fundamentais.

A linha vermelha indica a evolução da aterosclerose arterial em doentes com hipercolesterolemia familiar.

A hipercolesterolemia familiar é uma das causas genéticas mais frequentes da doença coronária prematura devido ao facto de, desde o nascimento, as crianças apresentarem valores muito elevados de colesterol (> 260-290 mg/dL). Acredita-se que a aterosclerose arterial se manifesta quando se atinge uma determinada carga total de colesterol/ano (tracejado amarelo) o que, nestes casos, ocorre muito precocemente, 20-40 anos nos homens e 40-60 nas mulheres (ponto B).

Na linha verde observamos a situação mais frequente na sociedade atual, em que os acidentes cardiovasculares ocorrem pelos 50 a 70 anos, altura em que, para valores médios muito mais baixos, se atinge este limiar (ponto A).

Obviamente que existem outros fatores muito importantes como o tabaco, a hipertensão arterial, a diabetes, que sabemos acelerar a evolução do processo aterosclerótico e/ou favorecendo a ocorrência do acidente cardiovascular (gatilho), como por exemplo o stress e o exercício físico intensos.

Na linha azul vemos o que o Prof. Braunwald nos propõe e que é a manutenção de valores alvo de colesterol, 60% inferiores aos valores atualmente considerados normais, de forma a atenuar o pendor da inclinação de progressão, atingindo-se o valor limiar (ponto C) apenas aos 100 anos.

Sabemos que esta hipótese documenta apenas um modelo conceptual fundamentado em evidências científicas recentes com possível aplicação na prática clínica diária. Servi-me dele para ilustrar as vantagens em recomendar taxas de colesterol mais baixas, de acordo com as recomendações mais recentes e um controlo mais eficaz dos fatores de risco cardiovascular, de forma a impedir a evolução ou mesmo erradicar a aterosclerose arterial e os acidentes cardiovasculares.

Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP)

A HBP é uma patologia ligada ao envelhecimento. Embora geralmente não coloque a vida em risco, manifesta-se através de um conjunto de alterações que reduzem em muito a qualidade de vida dos doentes.

A partir dos 45-50 anos os homens podem começar a sentir sintomas de esvaziamento (resultam da obstrução da via urinária pelo aumento do volume da próstata) como atraso no início da micção, esforço para urinar, intermitência, diminuição da força e calibre do jato miccional, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga ou mesmo retenção urinária. Os sintomas de armazenamento (resultam do aumento do tónus e contratilidade do músculo da bexiga), acontecem com resposta à barragem provocada pela próstata. Esses sintomas consistem no aumento da frequência miccional (diurna e noturna), a incontinência, a urgência miccional e a dor ao urinar. A presença destas queixas deve motivar a procura da ajuda especializada de um Urologista pois existe um variado número de doenças que se apresentam com estes mesmos sintomas e é fundamental chegar a uma conclusão acertada.

Na consulta, o doente irá ser avaliado e serão solicitados vários exames para chegar a um diagnóstico definitivo. Fazem parte destes exames complementares umas análises de sangue e urina para avaliação da função renal (ureia e creatinina), despiste de cancro da próstata (PSA) e exclusão de infeção urinária (urina II e urocultura). A ecografia aos rins, bexiga e próstata e a urofluxometria fornecem igualmente informações importantes e úteis na decisão da orientação terapêutica.

O tratamento varia de acordo com a intensidade e severidade dos sintomas e vão desde a vigilância à cirurgia passando pela medicação.

A tendência da evolução da HBP não tratada é no sentido dum agravamento lento mas progressivo dos sintomas e da perturbação de induzem na qualidade de vida do homem.

Existem apenas 2 fatores de risco reconhecidamente associado com o desenvolvimento e progressão da HBP: a idade e a ação da testosterona. Não sendo possível atuar sobre qualquer um deste fatores, a avaliação e tratamento precoce á única forma de amenizar e prevenir sintomas e futuras complicações.

Cuide de si e da sua saúde. Pare para “ouvir” o seu corpo. Se tem sintomas não deixe de procurar a ajuda de um Urologista.

Artigo por: Paulo Espiridião

Burnout – Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho

Dentro dos riscos psicossociais, entendidos como riscos para a saúde física, mental e social, originados pelas condições de trabalho, fatores organizacionais e relacionais que podem interagir com o funcionamento mental e o bem-estar psicossocial dos trabalhadores, encontramos o conhecido como síndrome de burnout.

Em 1974, Freudenberger relacionou situações de ansiedade e depressão nos trabalhadores com um estado que denominou de burn-out (queimar até o fim), acarretando desilusão, absentismo laboral, condutas de evitamento e abandono. Curiosamente chamou inicialmente este quadro como “doença dos chefes”.

Podemos definir este quadro como uma resposta inadequada a um stresse emocional crónico. Os fatores favorecedores para o despoletar são a sobrecarga laboral (trabalho burocrático ou marginal), pressão no trabalho (exigência de rendimentos através dos resultados), baixa implicação laboral (escassa autonomia, pouca participação na organização, gestão e planificação), falta de apoio das chefias, características do próprio local de trabalho e da personalidade do trabalhador.

A sobrecarga e pressão laboral atinge a grande maioria dos trabalhadores em numerosas tarefas e postos de trabalho, pela competitividade, necessidade de baixar custos, organização laboral rígida e exigente que caracteriza muitas organizações.

Estes quadros caracterizam-se por exaustão emocional, despersonalização (atitudes e sentimentos de frieza e distanciamento) e diminuição da realização profissional, que pode aparecer nas pessoas que trabalham com o público em geral. Particularmente atingidos são, entre outros, o pessoal sanitário, os professores, os empregados em trabalhos burocráticos e de administração, os empregados de call-center. No atual contexto de pandemia o teletrabalho poderá constituir uma situação de risco.

Um recente estudo (em 2017) da Ordem dos Médicos, revelou que 66% dos médicos da amostra analisada mostram um nível elevado de exaustão emocional, que 39% apresentam um nível elevado de despersonalização dos doentes e que 30% revelam um índice elevado de diminuição da realização profissional.

Os sintomas podem variar desde uma atitude de indiferença, de mero cumprimento das obrigações, sem empenho emocional e afetivo, até quadros psiquiátricos complexos, com repercussão não só laboral como a nível social e familiar, com as consequências, por vezes graves, que dai advêm.

Será que a prevenção terciária (tratamento e reabilitação) é a única coisa a fazer? No fundo, este nível de intervenção sobre os riscos psicossociais pressupõe o fracasso da Medicina do Trabalho.

A melhor forma e a mais eficaz de prevenir este e outros quadros provocados pelo stresse laboral, seria a prevenção primária, que implica um nível de intervenção tendo como objetivo mudanças sociais, nas organizações e no “desenho” do trabalho.

Entretanto, a prevenção secundária, visando a deteção precoce, pelo médico do trabalho (nos exames periódicos ou ocasionais), das alterações associadas a estes quadros e a pronta intervenção tanto a nível do trabalhador como da organização, continua a ser a forma mais prática de prevenir a instauração de quadros clínicos por vezes de difícil tratamento.

Artigo por: Máximo Fernández Colón
Especialista em Medicina do Trabalho
Especialista em Psiquiatria com a subespecialidade de Psiquiatria Forense

Patologia dos Seios Perinasais (Sinusite)

A sinusite é a inflamação da mucosa de um ou mais seios perinasais, que provoca sintomatologia como dor de cabeça, pressão facial, obstrução nasal (nariz entupido), e redução ou ausência de cheiro, entre outros.

Os seios perinasais são cavidades aéreas localizadas no esqueleto facial ao lado das fossas nasais e revestidos por uma mucosa idêntica à do restante aparelho respiratório. Os seios perinasais organizam-se em seios frontais, maxilares, etmoidais e esfenoidais. As fossas nasais têm a função de filtrar, humedecer e aquecer o ar que é inspirado para os pulmões, favorecendo assim as trocas gasosas. Quando essas funções estão comprometidas por um processo de rinite ou sinusite, isto impacta consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes.

Em termos de duração, as sinusites podem ser divididas em aguda ou crónica.

O termo sinusite aguda é aplicado quando os sintomas têm uma duração inferior a 4 semanas.
O conceito de sinusite aguda recorrente é referido sempre que ocorram 4 ou mais episódios por ano, com 7 a 10 dias de duração.

O sinusite crónica aplica-se quando a perturbação inflamatória ou infeciosa dos seios perinasais dura mais do que 12 semanas, ou seja, quando é persistente no tempo.
Na sinusite crónica, ao contrário da sinusite/rinosinusite aguda, o processo inflamatório pode estar apenas confinado aos seios perinasais sem envolvimento da mucosa nasal.

Na fase mais intensa, os sintomas de sinusite são os seguintes:

  • Dor ou pressão facial, agravada com a inclinação da cabeça, com localização variável, consoante o seio ou seios mais afetados (sintoma major);
  • Obstrução nasal com corrimento nasal purulento anterior ou posterior (sintoma major);
  • Hiposmia ou anosmia, ou seja, a redução ou ausência de cheiro (sintoma major);
  • Febre (sintoma major);
  • Cefaleias (dor de cabeça), halitose (mau hálito), odontalgia, otalgia / sensação de plenitude auricular, tosse, fadiga ou cansaço (sintoma minor).

As causas da sinusite podem ser de origem vírica (mais frequentes), bacteriana ou fúngica, sendo que esta última etiologia é a mais rara.

Na criança, a sinusite também é frequente e inicia-se geralmente por um processo de infeção viral das vias aéreas superiores que posteriormente evolui para uma infeção bacteriana. Em idade pediátrica, as adenóides contribuem para o aparecimento de rinosinusites agudas ao funcionarem com um reservatório bacteriano.

O diagnóstico de sinusite/rinosinusite deve ser efetuado pelo médico otorrinolaringologista (ORL), levando em consideração os seguintes aspetos:

  • História clínica (sintomas e evolução temporal);
  • Exame objetivo: Rinoscopia anterior (mucosa nasal hipermiada e edemaciada com exsudado purulento proveniente do meato médio ou superior ), palpação dolorosa dos seios perinasais e rinorreia posterior na orofaringe;
  • Exames de imagem (raio x ou radiografia simples dos seios perinasais ou preferencialmente tomografia computadorizada (TAC) dos seios perinasais).

Nos primeiros 3 a 5 dias da doença, a causa mais frequente é a origem vírica, pelo que o tratamento recomendado consiste em:

  • Anti-inflamatórios não esteróides ou analgésicos simples, tais como o paracetamol ou ibuprofeno;
  • Tratamentos por irrigações nasais com soluções salinas, (aerossóis) para humidificação das vias respiratórias;
  • Vasoconstritores nasais de venda livre em farmácia.

Ao fim de 5 dias de persistência dos sintomas ou em casos iniciais severos, situação em que estará em causa uma provável sinusite bacteriana, o tratamento, após avaliação médica, deve iniciar-se de imediato, tendo como objetivo de erradicar a bactéria, diminuir a duração dos sintomas, prevenir complicações e impedir a evolução para um processo crónico. Na maior parte desses casos, o recurso a antibiótico é inevitável.

Em casos crónicos, ou quando a sinusite é muito recidivante, pode colocar-se a opção de cirurgia para resolver os aspetos anatómicos que podem estar a agravar o quadro clínico.

O Sofrimento do Jovem Adulto

O crescimento humano ocorre ao longo de várias etapas: bebé, infância, pré-escolar, escolar, adolescente, jovem adulto, meia idade e finalmente sénior num processo complexo com ganhos e perdas e que depende não só de fatores biológicos mas também de fatores ambientais e contextuais.

Como fatores ambientais não podemos esquecer que somos um produto cultural e sentimos o peso das expectativas sociais para desempenhar determinados papéis que a sociedade determina para as diferentes etapas do caminho, temos ainda de juntar a esta equação os fatores ligados aos momentos históricos que atravessamos: crises económicas, recessões, epidemias, guerras e fluxos migratórios… que afetam diretamente a sociedade e os movimentos políticos, sociais e económicos que em muito determinam a nossa vida e as nossas possíveis escolhas. Sem esquecer ainda dos “acontecimentos significativos de vida” como um fim de uma relação a morte de uma pessoa próxima, a perda de emprego, uma doença…. com impacto na forma como vamos moldando a nossa personalidade.

Ao longo do nosso ciclo de vida somos assim confrontados com várias crises muitas delas constituem marcos responsáveis pela forma como transitamos de uma fase para a seguinte. Desta forma, conseguimos classificar e compartimentar o que vai acontecendo como se as coisas se passassem com data e hora marcadas e com a ilusão de que em cada fase dispomos das ferramentas internas necessárias para lidar com sucesso perante os esperados desafios. Mas não é simples e muitas vezes nada fácil. Por exemplo, dizemos que a entrada no mundo adulto ocorre entre os 22 e os 28 anos mas mesmo num leque de 6 anos, há quem inicie mais cedo e há quem o faça mais tarde.

Um adolescente, em teoria, torna-se jovem adulto quando evidencia competências para experimentar a intimidade, em termos de afiliação e amor. O objetivo será ter uma relação a longo prazo e constituir família, o que implica uma carreira profissional, um assumir de responsabilidades e autonomia financeira. Este é o grande desafio dos jovens adultos. Se os desafios são uma alavanca para o crescimento com potenciais ganhos como um aumento da responsabilidade, maior reconhecimento, maior autonomia, podem constituir também uma importante fonte de ameaça. Corre-se, no entanto, o risco de não se conseguir lidar com o desafio e tender para o isolamento. A falta de emprego, um diminuto suporte familiar, as amizades que se diluem no tempo fragilizam a auto-estima. Aqui não se ganha, são as perdas que predominam. Os amigos que conseguiram ultrapassar o desafio da afiliação, têm agora outras responsabilidades, outros focos de interesse, parece que deixamos de caber na história deles. Aliás todos mostram as suas fantásticas histórias nas redes sociais como o Instagram. Os danos serão tudo aquilo que já “sabemos” que vai acabar por acontecer não tarda nada, a desesperança ou a desilusão de um futuro que se idealizou pautado por sentido de enraizamento ou uma vida com significado. Instalam-se emoções como o medo, a ansiedade, a impotência, a injustiça ou a revolta.

Não é de estranhar que muitos jovens adultos tragam para a consulta de psicologia problemas que no fundo estão relacionados com o sentido da vida.

Numa altura em que somos dominados pela tecnologia, que tudo acontece a grande velocidade e a felicidade se confunde com consumismo pode não ser nada fácil sentir que não se faz parte deste mundo, que estamos deslocados porque não estamos integrados nestas movimentações: sem emprego, ou sem um ordenado que permita a autonomia, sem uma rede de suporte social verdadeiramente ativa e próxima, podemos questionar o que somos e o quanto valemos caindo na angústia existencial de qual o sentido da vida.

Tendemos a acreditar que a nossa vida tem sentido quando percebemos continuidade nas nossas ações, quando nos orientamos por objetivos significativos de forma focada e motivada e quando sentimos que a nossa existência é importante para os outros. O sentido da vida depende, pois, de dois fatores: relações significativas e uma ocupação que nos realize, que pode ser uma carreira profissional, um hobbie ou algo de criativo que nos ocupe.

Durante as crises (perda de emprego, perda de relações, a própria noção de mortalidade…) é que nos vemos confrontados com a necessidade de reavaliar qual é o nosso propósito. Perante este cenário podemos reavaliar um acontecimento de forma a que ele encaixe o melhor possível nas nossas crenças e objetivos originais ou podemos rever as nossas crenças e objetivos para acomodar a nova informação – processo que pode levar muito tempo e nem sempre bem sucedido.

Estes períodos de agitação podem despoletar crises existências que podem dar azo a importantes oportunidades de crescimento. Estas são oportunidades de nos libertarmos do que nos faz mal – padrões de comportamento ou hábitos tóxicos – e explorar quem realmente somos e o que realmente importa para nós.

O consequente sofrimento mental é um sinal de adaptação do cérebro e portanto universal. É suposto ter uma duração curta no tempo, não ser grave e que não compromete significativamente o funcionamento da pessoa que responde bem ao suporte habitual e atividades de vida positivas. Para tal, é fundamental não colocar o sentido da vida nos prémios e progressões de carreira, ter o protótipo de família feliz e uma casa ideal ou um carro específico ou o topo de gama dos telemóveis. O sentido da vida está em todo lado, nas mais simples ações, como sair com amigos ou com a família, levar o cão a passear, ajudar as pessoas que nos rodeiam… Apreciar e estar grato pelas coisas mais banais pode promover o sentimento de pertença e de sentido de vida. Aceitar que é normal ter saudades dos tempos de juventude, dos amigos que seguiram outros rumos e é normal perceber com “amargo de boca” que o mundo não é o que nós pensávamos que era, que as desilusões fazem parte da vida, que não se vai fazer tudo quanto se imaginou e que os planos anteriormente delineados podem sofrer uma reviravolta.

Aceitar que a vida é dinâmica, tudo muda e o próprio desenvolvimento humano gere-se em função de processos de mudança pode trazer a serenidade de que toda a tormenta passa e que o sol nasce de novo.

Artigo por: Cláudia Gandra

Exercício na Gravidez

São bem conhecidos os efeitos benéficos da prática de exercício físico na saúde em geral, embora a mesma informação não esteja tão explícita e disponível no que respeita a um processo de importância tão notável quanto a gravidez.

A gravidez é acompanhada por modificações anatómicas e funcionais com grandes repercussões na biologia da mulher. A adaptação do corpo à gravidez proporciona as condições necessárias para o desenvolvimento e crescimento fetal e para a preparação dos processos necessários no momento do parto e amamentação.

A prática de exercício físico tem um papel essencial nesta fase da vida da mulher, apresentando benefícios para a mãe durante a gravidez, parto e pós-parto, para o feto e depois para o bebé. Os benefícios para a mãe são a prevenção de dor lombar, melhoria das capacidades metabólicas e cardiopulmonares, diminuição do risco de diabetes gestacional, diminuição da fadiga nas atividades da vida diária, controlo do peso, diminuição da ansiedade e depressão, melhoria da imagem corporal, ajuda no processo de parto e uma melhor recuperação pós-parto.

Relativamente ao feto são um maior desenvolvimento psicomotor e maturação do sistema nervoso, diminuição da frequência cardíaca fetal em repouso, melhoria da viabilidade da placenta, aumento dos níveis de líquido amniótico e aumento da idade gestacional. Os bebés tendem a nascer com um peso normal e apresentam uma melhor resposta a estímulos ambientais e luminosos, índices de Apgar superiores, maior desenvolvimento neurológico, melhor orientação e capacidade para se acalmar.

Face à evidência científica que comprova os benefícios da prática de exercício físico durante a gravidez, há cada vez mais mulheres que pretendem manter-se ativas. Desta forma, é necessário definir algumas questões quanto ao tipo, duração e frequência do exercício mais conveniente durante a gravidez.

São aconselhados exercícios de força e resistência e treino aeróbio de baixo impacto que envolvam grandes grupos musculares, tais como o caminhar, nadar, atividades na água, bicicleta estática, pilates clínico, treino com pesos moderados e treino específico para grávidas. O exercício deve ser praticado com uma frequência de 3-4 vezes por semana, com duração de 45 minutos, com uma intensidade abaixo dos 90% da frequência cardíaca máxima.

Existe outro grupo muscular que merece especial atenção durante esta fase: os músculos do pavimento pélvico. Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e ao crescimento em volume e peso do abdómen, a função de suporte exigida ao pavimento pélvico vai sendo cada vez maior. Assim, também pode ser necessário exercita-lo de forma adequada para manter estes músculos funcionais face à sobrecarga a que estão expostos ao longo da gravidez e evitar complicações como a incontinência urinária e prolapsos. Além disso, uma maior consciência da função dos músculos do pavimento pélvico poderá permitir que a mulher consiga ter um melhor controlo sobre o momento do parto.

Para todas as mulheres que querem praticar exercício durante a gravidez, nada como consultarem um fisioterapeuta com formação na área que desenvolva um programa de exercício personalizado e adaptado a cada mulher de forma a viverem esta fase em pleno e evitarem problemas futuros.

No entanto, qualquer que seja a condição física de uma mulher grávida, existem contraindicações que invalidam que a grávida pratique exercício devido ao risco para a saúde fetal e/ou materna, sendo necessário a permissão e acompanhamento médico para a inclusão em qualquer programa de exercício.

A Depressão em tempos de Covid-19

Perante a certeza de tanta incerteza, é natural que sejamos assolados por um cocktail de sentimentos: ansiedade, medo, preocupação, angustia, insatisfação, tristeza… e claro também alegria, satisfação, orgulho, realização (mas com estas últimas a preocupação é menor).

Se pensarmos num gelado com um cocktail de sabores, à medida que o saboreamos por vezes sentimos mais tristeza, outras vezes mais alegria, um toque de preocupação, acentua-se o medo, outras mais a tristeza, pleno relaxamento, e há mesmo momentos em que sentimentos um misto de sabores (emoções).

Devemos preocupar-nos quando, independente do número de sabores que o nosso gelado possa, o sabor que sentimos é maioritariamente o mesmo e o nosso comportamento associado vai tendo consequências na qualidade do nosso dia-a-dia.

Como lidar com a depressão em tempos de COVID-19?

É importante perceber que sentir tristeza reativa a acontecimentos de vida negativos consta de um processo desenvolvimental saudável, faz parte da vida de todos nós.

Por um lado, não nos podemos esquecer que estar triste é natural e normal, fomos dotados desta capacidade como forma de processar as experiências de vida que nos são dolorosas. Por outro, não podemos deixar que esta situação se instale indefinidamente, com muito sofrimento, e considerarmos que se trata apenas de tristeza que persiste em ficar.

Muito mais do que um sentimento de tristeza, a depressão é um problema de saúde que afeta simultaneamente o corpo e a mente, desde a forma como dormimos, nos alimentamos e até como encaramos o mundo que nos rodeia. As pessoas que sofrem de depressão podem sentir dificuldade em realizar algumas das tarefas mais simples do dia a dia, como sair da cama de manhã ou até vestir-se. A maioria das pessoas já sentiu algumas destas queixas sobretudo depois de terem passado por situações ou acontecimentos que as marcaram negativamente. No entanto, é fundamental estar atento a estes aspetos uma vez que a grande diferença será quanto à sua intensidade e duração/permanência e, uma vez que começam de forma gradual e crescente podem vir a fazer progressivamente parte de uma nova forma de funcionar tornando-se numa constante na sua vida.

Em qualquer situação de maior tensão ou stress há 3 aspetos que é importante dar particular atenção porque vão permitir restabelecer a rotina a nível biológico e psicológico:

  • O Sono: estabelecer uma hora certa para deitar e levantar, não ligar a televisão no quarto;
  • A Alimentação: estabelecer horas certas para as refeições principais, comer vegetais/fruta, evitar bebidas alcoólicas;
  • O Exercício Físico: fazer pelo menos 30 minutos de exercício físico ao ar livre.

Na situação atual de pandemia é também importante ter em consideração a relevância de:

  • Tentar seguir uma rotina tão normal quanto possível;
  • Limitar o tempo passado a ver as notícias e redes sociais;
  • Focarmo-nos no que podemos controlar
  • Manter as relações sociais com aqueles que nos são mais próximos (se possível presencialmente, à janela/varanda, fora de casa mas à distância, por videoconferência, por telefone, por mensagens).

A depressão é um problema de saúde mental sério que pode ser exacerbado pela pandemia de COVID-19. Será importante procurar ajuda profissional se experienciar alguns dos seguintes sinais, especialmente por um prolongado período:

  • Perda de interesse em coisas que anteriormente traziam prazer à pessoa;
  • Falta de energia significativa;
  • Irritabilidade e pessimismo;
  • Sentimento constante de tristeza e de vazio;
  • Dormir muito mais ou muito menos que o normal
  • Comer muito mais ou muito menos que o normal;
  • Agitação;
  • Pensamentos sobre a morte;
  • Dificuldades de concentração.

A depressão tem sido uma das perturbações psicológicas mais discutida e avaliava dada a sua grande expressão na comunidade (1 em cada 4 pessoas) e às suas consequências para o indivíduo, família e comunidade. Não descure a sua saúde mental.

Artigo por: Drª Marisa Fonseca (Psicóloga)

 

(fonte: https://www.adeb.pt/files/upload/guias/a-depressao-e-uma-doenca-que-se-trata.pdf)