Exercício na Gravidez
São bem conhecidos os efeitos benéficos da prática de exercício físico na saúde em geral, embora a mesma informação não esteja tão explícita e disponível no que respeita a um processo de importância tão notável quanto a gravidez.
A gravidez é acompanhada por modificações anatómicas e funcionais com grandes repercussões na biologia da mulher. A adaptação do corpo à gravidez proporciona as condições necessárias para o desenvolvimento e crescimento fetal e para a preparação dos processos necessários no momento do parto e amamentação.
A prática de exercício físico tem um papel essencial nesta fase da vida da mulher, apresentando benefícios para a mãe durante a gravidez, parto e pós-parto, para o feto e depois para o bebé. Os benefícios para a mãe são a prevenção de dor lombar, melhoria das capacidades metabólicas e cardiopulmonares, diminuição do risco de diabetes gestacional, diminuição da fadiga nas atividades da vida diária, controlo do peso, diminuição da ansiedade e depressão, melhoria da imagem corporal, ajuda no processo de parto e uma melhor recuperação pós-parto.
Relativamente ao feto são um maior desenvolvimento psicomotor e maturação do sistema nervoso, diminuição da frequência cardíaca fetal em repouso, melhoria da viabilidade da placenta, aumento dos níveis de líquido amniótico e aumento da idade gestacional. Os bebés tendem a nascer com um peso normal e apresentam uma melhor resposta a estímulos ambientais e luminosos, índices de Apgar superiores, maior desenvolvimento neurológico, melhor orientação e capacidade para se acalmar.
Face à evidência científica que comprova os benefícios da prática de exercício físico durante a gravidez, há cada vez mais mulheres que pretendem manter-se ativas. Desta forma, é necessário definir algumas questões quanto ao tipo, duração e frequência do exercício mais conveniente durante a gravidez.
São aconselhados exercícios de força e resistência e treino aeróbio de baixo impacto que envolvam grandes grupos musculares, tais como o caminhar, nadar, atividades na água, bicicleta estática, pilates clínico, treino com pesos moderados e treino específico para grávidas. O exercício deve ser praticado com uma frequência de 3-4 vezes por semana, com duração de 45 minutos, com uma intensidade abaixo dos 90% da frequência cardíaca máxima.
Existe outro grupo muscular que merece especial atenção durante esta fase: os músculos do pavimento pélvico. Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e ao crescimento em volume e peso do abdómen, a função de suporte exigida ao pavimento pélvico vai sendo cada vez maior. Assim, também pode ser necessário exercita-lo de forma adequada para manter estes músculos funcionais face à sobrecarga a que estão expostos ao longo da gravidez e evitar complicações como a incontinência urinária e prolapsos. Além disso, uma maior consciência da função dos músculos do pavimento pélvico poderá permitir que a mulher consiga ter um melhor controlo sobre o momento do parto.
Para todas as mulheres que querem praticar exercício durante a gravidez, nada como consultarem um fisioterapeuta com formação na área que desenvolva um programa de exercício personalizado e adaptado a cada mulher de forma a viverem esta fase em pleno e evitarem problemas futuros.
No entanto, qualquer que seja a condição física de uma mulher grávida, existem contraindicações que invalidam que a grávida pratique exercício devido ao risco para a saúde fetal e/ou materna, sendo necessário a permissão e acompanhamento médico para a inclusão em qualquer programa de exercício.