Miopia
Drª. Inês Martins de Almeida
A miopia é um erro refrativo vulgarmente definido por uma boa visão ao perto e desfocada para longe.
Num olho ideal os raios de luz atravessam as estruturas e sofrem um desvio de modo a convergirem e focarem na retina, permitindo assim a formação de uma imagem nítida; na miopia a luz é focada à frente da retina e portanto as imagens formadas são desfocadas na visão de longe (ilustrado na figura). Isto geralmente ocorre por que o olho é muito grande ou a córnea, a estrutura transparente mais anterior do olho, muito curva.
O número de pessoas com o diagnóstico de miopia tem aumentado nas últimas décadas, variando no entanto com a localização geográfica e as raças. Na Europa a prevalência estimada de miopia é de 30.6% (dos 25 aos 90 anos) e de alta miopia de 2.7%, com uma prevalência superior em indivíduos mais jovens. Estas formas mais graves, conhecidas por miopias patológicas, podem dar complicações com consequências graves para a visão. Felizmente a grande maioria dos casos não são formas graves e apenas necessitam de ser compensadas com correção ótica.
O seu aparecimento mais comum está associado a um componente hereditário, o que significa que se um dos pais é míope existe uma probabilidade da criança também o poder vir a ser.
Surge mais frequentemente na idade escolar, entre os 8 e os 12 anos e tem tendência a estabilizar aquando da finalização do crescimento, por volta dos 20 anos.
São sinais de miopia a dificuldade em ver nitidamente imagens ou palavras num quadro branco como o da escola, num ecrã de cinema ou de televisão, ver de modo desfocado matrículas de automóveis ou sinais de trânsito, ter dores de cabeça, fadiga visual ou até alteração binocular dos movimentos oculares.
Existem hoje em dia várias opções de correção da miopia.
A principal escolha é a utilização de óculos graduados com lentes côncavas; estas são mais espessas na periferia do que no centro possibilitando deste modo que os raios de luz foquem corretamente na retina.
A utilização de lentes de contacto é outra opção, permitindo obter um campo de visão mais amplo; no entanto, uma vez que são aplicadas sobre a superfície ocular a sua utilização obriga a cuidados de manutenção e higiene de modo a evitar complicações oculares graves, devendo ser dada preferência às lentes de utilização diurna.
Por último, os procedimentos cirúrgicos como o LASIK ou PRK são opções de tratamento da maioria de casos de miopia em adultos. Nestes são utilizados feixes de laser que modelam a forma da córnea, removendo pequenas quantidades de tecido. Nos casos de miopia elevada ou de córnea de espessura fina que impedem a realização de cirurgia a laser, o procedimento consiste no implante de uma lente intraocular.