Artigos de Aconselhamento Médico Generalista

Medicina Geral e Familiar

Drª. Mónica Lopes

“O médico a sério é o maior dos camaleões. Tem de se revestir das cores da família que está à sua frente se quiser compreender a natureza das queixas, porque todas elas estão vestidas de cultura, de um código próprio a que temos de pertencer por uns momentos, como o explorador terá de falar o dialecto da tribo distante, se quiser saber o caminho por onde se vai mais além.”
(N.L Antunes, em Vida em mim)

A Medicina Geral e Familiar é de facto a especialidade em que esta descrição se encaixa na perfeição. O Médico de Família tem mesmo de vestir o papel do camaleão; tem de se revestir de capacidades humanas, científicas, éticas e morais, para corresponder ao apelo de cada família, de cada indivíduo, com todas as suas particularidades, respeitando as suas crenças e valores.

Além do conhecimento do indivíduo, como ser único, precisa investir no contexto individual e colectivo do mesmo, seja nas atividades, no contexto sócio-profissional, na saúde do próprio, como na sua envolvência familiar, nos seus contactos. Em suma, necessita encarar cada indivíduo ou família como um todo, de forma holística. Precisa conhecer os seus medos, as suas perspetivas; envolver-se quanto baste para corresponder às expectativas do utente.

Dentro deste panorama, o Médico de Família está presente em várias vertentes da saúde do utente.

Desde o nascimento até à morte, desde a infância até à velhice; partilhando boas e más notícias. Importa ressalvar o papel fundamental deste clínico na vertente preventiva: não só cura doença e acompanha o seu desfecho e consequências, como enceta medidas para prevenir doenças, para manter saúde.

A prevenção primária baseia-se fundamentalmente em medidas para evitar problemas de saúde. Desde as vacinas, medidas anti-tabágicas, combate ao consumo abusivo de álcool e até mesmo a chamada “consulta de rotina” são medidas de prevenção de singular importância. O que se entende por consulta de rotina não é a realização de análises todos os anos, o que nem sempre corresponde a uma boa prática clínica.

É sim um contacto privilegiado para ambas as partes, em que se pretende conhecer o utente, a sua família, as condições em que trabalha, hábitos e cuidados alimentares, entre outras características. Abordar temas mais tabu, como por exemplo, a sexualidade.

Quando abordamos a prevenção secundária, falamos de deteção precoce de lesões, tarefa importante do Médico de Família. Esta permite encontrar doença numa fase inicial e assim evitar a sua evolução, com necessidade de tratamentos agressivos. Dentro desta vertente estão os vários rastreios recomendados de acordo com a idade, como sejam o do cancro da mama, do cancro do colo do útero e do cancro colo-retal.

No âmbito da prevenção terciária, é dada importância ao tratamento do problema para evição das suas consequências.

É ainda importante o acompanhamento de sequelas de doença e evição de tratamentos desnecessários ou eventualmente inúteis. E aí chamamos de prevenção quaternária.

Antibióticos

A descoberta dos antibióticos foi um dos grandes avanços da medicina do século XX. No início do século XXI, o problema das infeções resistentes aos antibióticos é dos mais preocupantes da saúde pública.

As bactérias têm uma capacidade de adaptação muito maior do que os outros seres mais complexos e replicam-se muito mais depressa (de 20 em 20 minutos).
Durante muitos anos usaram-se os antibióticos como remédio infalível para todas as situações. Qualquer pessoa se automedicava com antibiótico para um simples resfriado.
As bactérias inicialmente, na sua forma “selvagem”, são suscetíveis aos antibióticos, posteriormente vão adquirindo resistências. Estas resistências devem-se a dois tipos de mecanismos: mutação (pouco frequente) e integração de material genético de outra bactéria que já tem resistência.
A nossa pele e mucosas são colonizadas por bactérias que são essenciais para o normal funcionamento destes sistemas. O nosso sistema imunitário consegue manter o equilíbrio, destruindo por exemplo as bactérias que entram na circulação. Este mecanismo complica-se nos imunodeprimidos, nas crianças e idosos com um sistema imunitário menos ativo.

Em Portugal, o uso indiscriminado de antibióticos, tanto nos humanos como na medicina veterinária, levou a taxas de resistência das mais elevadas da Europa.

A DGS está agora muito empenhada em definir orientações terapêuticas e normas para racionalizar o consumo de antibióticos.
É muito importante a consciencialização da comunidade quanto ao perigo do uso errado de antibióticos.

Nos casos de infeção, seja qual for a localização, é fundamental a análise microbiológica do produto.

Mediante o resultado, com a identificação do microrganismo causador da infeção é fornecido o antibiograma, ou seja, o estudo da suscetibilidade do microrganismo isolado aos antibióticos. Com estes dados o clínico toma a decisão sobre o antibiótico e a dosagem a usar para cada caso.

Reumatologia

Drª. Lúcia Costa

A Reumatologia, conforme a definição do Colégio da Especialidade da Ordem dos Médicos, é o ramo da medicina que se dedica ao diagnóstico, avaliação, tratamento e investigação das doenças que afetam o aparelho locomotor (ou sistema músculo-esquelético) nos seus vários componentes (ossos, músculos,articulações e partes moles envolventes) e várias etiologias (degenerativa, inflamatória, auto-imune, metabólica, infeciosas, neoplásica, etc).

Os principais grupos de patologias reumáticas são:

  • Patologia Articular Degenerativa – Osteoartrose periférica e axial;
  • Patologia Inflamatória Sistémica – Artrite Reumatoide, Lupus Eritematoso Sistémico e outras conectivites (polimiosote/dermatomiosite, sindroma de Sjogren, Escresose Sistémica, por exemplo), Espondilartrites (Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriática, Artrite associada à Doença Inflamatória Intestinal), Vasculites;
  • Patologia Óssea Metabólica – Osteoporose, Hiperparatiroidismo, Gota;
  • Patologia Reumática Pediátrica -Artrite Idiopática Juvenil;
  • Fibromialgia

 

Nos últimos anos tem havido uma marcada evolução relativamente a estes quadros, quer do ponto de vista da investigação quer nos tratamentos instituídos.

O que é a Ciática?

Dr. Alfredo Figueiredo

Ciática é uma palavra utilizada pela primeira vez em 1451 para se referir à inflamação do nervo ciático, o nervo mais longo do corpo humano.

Geralmente, a ciática manifesta-se por dor desde a região posterior da anca até ao pé, podendo ser mais dolorosa numa região mais localizada do membro inferior respetivo (coxa, joelho, perna, tornozelo).
A dor pode acompanhar-se de formigueiro nalguma região do membro inferior e, nos casos mais graves, de diminuição de força muscular no membro.

Cerca de 90% dos casos de ciática devem-se ao envelhecimento de um disco intervertebral e saída da sua localização natural entre as vértebras: é a chamada hérnia discal.
Esse disco herniado provoca conflito de espaço com o nervo que emerge da medula espinhal, desencadeando uma reação inflamatória.
É essa inflamação que é transmitida ao longo das fibras nervosas e que vão resultar nos sintomas típicos da ciática.

Estima-se que 40% das pessoas tenham um episódio de ciática nalgum momento da sua vida.
A ciática é um motivo frequente de consulta, em contexto de serviços de urgência ou não.
No entanto, é importante apurar muito bem as queixas do paciente e fazer a sua avaliação cuidada uma vez que os seus sintomas podem ser motivados por outras doenças.

Uma condição clínica que resulta em sintomas semelhantes à ciática é a inflamação da articulação que estabelece a ligação entre a coluna e a bacia: a articulação sacro-ilíaca. O corpo humano tem duas articulações sacro-ilíacas que transmitem as cargas da coluna para os membros inferiores. Permitem apenas pequenos movimentos mas podem em qualquer momento iniciar um processo inflamatório após serem sujeitas a forças excessivas: sacro-ileíte. O seu tratamento é diferente da ciática e o paciente com sacro-ileíte recupera dos sintomas mais rapidamente.

É possível fazer o diagnóstico da ciática sem recorrer a exames complementares, embora a ressonância magnética permita localizar e caracterizar com precisão a hérnia discal e excluir as causas mais raras da ciática.

O tratamento é conservador, resultando na melhoria gradual dos sintomas ao longo de 6 a 8 semanas em 90% dos pacientes.
O objetivo do tratamento é dar ao organismo as condições de ele próprio resolver o problema, sobretudo quando se trata de um primeiro episódio de ciática, respeitando o principal aforismo de Hipócrates (pai da Medicina): “Primum non nocere” (em primeiro lugar, não fazer mal ou não agredir).

As linhas principais do plano terapêutico são:

  • proporcionar a descarga da coluna, limitando as atividades que impliquem esforço físico e evitando a posição de levantado e sentado (as posições que aumentam a pressão nos discos intervertebrais). Deitar por períodos é útil, mas o repouso prolongado na cama não é aconselhável.
  • atacar a inflamação que resulta do conflito de espaço entre o disco e o nervo

Desta forma, é possível levar à resolução progressiva da ciática através da reabsorção pelo organismo do disco
O tratamento cirúrgico está indicado apenas em situações excecionais em que a dor e incapacidade se prolongam apesar do tratamento conservador instituído.
A cirurgia pode acelerar a recuperação mas já foi demonstrado que 6 a 12 meses depois do início da ciática, os doentes que foram submetidos a tratamento conservador estão aptos a fazer as suas atividades gerais e laborais tão bem como os que foram operados numa abordagem inicial.

É sempre bom lembrar que qualquer intervenção cirúrgica tem riscos e complicações e nem sempre a opção cirúrgica para a ciática acaba com os seus sintomas.
O paciente deve procurar junto do seu médico assistente quais as opções de tratamento mais indicadas para o seu caso específico.

Pedopsiquiatria

A psiquiatria da infância e da adolescência é um ramo da medicina especializado no diagnóstico e no tratamento de perturbações das emoções, pensamento e/ou comportamento que afetam crianças, adolescentes e suas famílias.

Um psiquiatra da infância e da adolescência congrega o conhecimento de fatores biológicos, psicológicos e sociais, fruto de uma educação e responsabilidade médica com a arte e a criatividade das terapias, fornecendo uma abordagem integrada e abrangente.

Os psiquiatras da infância e da adolescência observam e intervêm junto de uma grande variedade de pacientes desde o nascimento aos 18 anos, que podem apresentar:

Problemas do neurodesenvolvimento:
• Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção
• Perturbação do Espetro do Autismo
• Perturbação de tiques

Problemas emocionais e comportamentais:
• Perturbações disruptivas, do controlo dos impulsos e do comportamento
• Perturbações de eliminação (enurese, encoprese)
• Perturbações do humor
• Perturbação de ansiedade
• Perturbação obsessivo-compulsiva
• Perturbações relacionadas com trauma e fatores de stress
• Perturbação da vinculação
• Perturbações sono-vigília

Outros problemas significativos de saúde mental:
• Perturbações da alimentação e da ingestão
• Perturbações psicóticas
• Perturbações dissociativas e de sintomas somáticos
• Comportamentos auto-lesivos e tentativas de suicídio
• Perturbações regulatórias do processamento sensorial

 

 

Alimentação na Adolescência

Anestesiologia como Especialidade Médica

A Anestesiologia é uma especialidade médica que sofreu uma evolução importante nos últimos 20 anos, abrangendo não só a intervenção no bloco operatório, mas também outras áreas, tais como a medicina da dor (dor crónica e aguda), a medicina intensiva, a emergência médica (reanimação) e a medicina peri-operatória (avaliação pré, intra e pós-operatória).

A Anestesiologia engloba a prestação de um conjunto de cuidados específicos com o objetivo de eliminar ou atenuar a dor, reduzir ou suspender totalmente  os movimentos voluntários autónomos, atenuar ou suspender o estado de consciência vigíl, mantendo o equilíbrio das funções orgânicas e dos sinais vitais, identificando e tratando complicações potencialmente ameaçadoras à vida e promovendo a segurança e o bem estar dos doentes que vão ser submetidos a procedimentos cirúrgicos.

Estes profissionais estão também presentes em alguns exames auxiliares de diagnóstico pelo risco que estes comportam (ex: cateterismo cardíaco), mas também para proporcionar conforto e segurança em exames que provocariam dor caso não fossem realizados com sedação anestésica (ex: endoscopia digestiva alta e colonoscopia) ou em situações como exames de imagiologia (ex: ressonância magnética, tomografia computorizada) em crianças ou doentes incapazes de colaborar.

A intervenção do anestesiologista começa antes do procedimento e termina muito depois do mesmo. Frequentemente, quando a um doente é proposta uma cirurgia ou exame diagnóstico, é marcada uma consulta de anestesia em que é efetuada uma avaliação médica ao doente.Para assegurar todas as condições para uma anestesia segura é necessário obter informações sobre alergias, medicação habitual, anestesias e cirurgias préviase doenças, nomeadamente do foro cardíaco e respiratório. É pedido que os doentes levem à consulta toda a informação médica que tenham em casa, incluindo exames anteriores para que o anestesiologista tenha um conhecimento total da sua situação clínica e assim dar as indicações necessárias para que o procedimento decorra de forma segura e sem intercorrências. Poderá ser necessário pedir mais exames auxiliares de diagnóstico (ex: análises, eletrocardiograma, entre outros) para completar o estudo.

Os médicos anestesiologistas são profissionais treinados para lidarem de forma pronta e eficaz com as situações de grande emergência e gravidade. Estão preparados para saber liderar o grupo de profissionais que atuam nessas situações.

Os locais de intervenção dos anestesiologistas estão sempre equipados de monitores e máquinas que permitem um bom controlo das funções vitais do doente, durante o período em que este geralmente perde a consciência e o controlo sobre o que lhe possa acontecer. O anestesiologista permanece durante todo o procedimento junto do doente, monitorizando continuamente as suas funções vitais, como os batimentos cardíacos, tensão arterial, respiração, temperatura corporal, entre outros, cuidando da manutenção do seu bem-estar e tratando qualquer questão que possa surgir, consequência da cirurgia e/ou procedimento técnico diagnóstico a que está a ser submetido ou de alterações resultantes das doenças que apresenta previamente ao procedimento.

O Sol e a Pele

Tiago Torres
Dermatologista no Grupo CMP – CMP S. João da Madeira e CMP Vale de Cambra
Professor Auxiliar Convidado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto

O sol é essencial para a vida humana. Constitui uma importante fonte de energia, calor e luz, sendo essencial para a saúde, salientando-se o seu papel na síntese da Vitamina D, fundamental para o bom funcionamento do corpo humano. Apesar da sua importância, a incidência e prevalência do cancro de pele têm vindo a aumentar, provavelmente associado a comportamentos de risco, como uma maior exposição à radiação ultravioleta onde se inclui a exposição solar e aos solários.

Desde que diagnosticados precocemente, a maioria, os cancros de pele são curáveis. Assim, a prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais.

A prevenção do cancro de pele tem dois componentes essenciais, a prevenção primária que assenta na educação e informação da comunidade, com o intuito de promover uma mudança nos comportamentos e uma relação mais saudável com o sol e, também, através do diagnóstico e tratamento precoce de todas a formas de cancro de pele, em particular do melanoma.

A dermatologia tem um papel fundamental no diagnóstico e tratamentos das lesões cutâneas. A experiência adquirida na correcta identificação de lesões suspeitas, a utilização de várias técnicas de diagnóstico como a dermatoscopia, e o atempado tratamento com cirurgia e/ou laser, fazem com que esta especialidade seja essencial.

O auto-exame da pele por parte do doente é particularmente importante e deve ser efetuado cada 2 meses, no sentido de identificar precocemente alterações nos sinais, na forma, cor ou tamanho ou o aparecimento de lesões cutâneas ulceradas, que não cicatrizam, recorrendo ao dermatologista para um diagnóstico definitivo e tratamento se necessário. Desta forma é fundamental reconhecer os sinais de alarme para recorrer ao médico atempadamente.

Finalizando, o Sol é importante e essencial mas é necessário ter com ele uma relação saudável, com respeito e precaução.

Perda de Audição

A perda de audição ou surdez é um distúrbio que pode afetar todas as idades, sexos, e tem um grande impacto nas actividades pessoais e profissionais.

A diminuição ou alteração de audição (surdez) produz uma redução na perceção de sons e dificulta a compreensão das palavras e conversas. A dificuldade aumenta com o tipo e grau de perda auditiva. A perda auditiva normalmente divide-se em dois tipos de perdas de audição: hipoacusia de condução e hipoacusia neuro-sensorial. Em relação ao grau, a surdez pode variar em ligeira, moderada, severa e profunda.

Os sinais de alerta mais comuns que indiciam para a perda de audição no adulto são:

  • Dificuldade em ouvir ao telefone
  • Não ouvir a campainha da porta
  • Achar que os sons estão “abafados”
  • Ter de esforçar-se para perceber uma conversa
  • Compensar com a leitura dos lábios
  • Pedir frequentemente para as pessoas repetirem o que estão a dizer ou para falarem mais alto, e mais devagar
  • Dificuldades de concentração em reuniões, conversas com mais de um interveniente ou em locais públicos em que exista barulho de fundo
  • Os seus familiares queixarem-se que o som da televisão, aparelhagem ou o toque do seu telemóvel está sempre muito alto

O otorrinolaringologista poderá diagnosticar o seu problema através de exames complementares que serão efetuados de acordo com a sua situação clínica (audiometria, impedancimetria, timpanograma, potenciais evocados do tronco cerebral, entre outros exames) e encaminhá-lo em relação ao tratamento mais adequado relativamente a perda de audição.

Conheça os exames para entrar bem na terceira-idade

Densitometria óssea e colonoscopia são essenciais a partir dos 50 anos

O aumento da população idosa é uma realidade: Portugal tem uma esperança média de vida de 81 anos, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). O grande desafio é perceber como envelhecer de forma saudável, mantendo o corpo e a mente ativos.

Dito isto, é importante estar atento às doenças que têm como um dos principais fatores de risco a idade – e nada melhor do que realizar os exames de rastreio na faixa etária recomendada, ou então continuar a fazer aqueles que, se já eram importantes antes, passam a ter atenção redobrada após a meia-idade.

Confira os exames recomendados e não se esqueça: na dúvida sobre qualquer alteração no seu corpo ou sintoma diferente, pergunte ao seu médico!

Hemograma e colesterol

Este exame de sangue ajuda o médico a identificar diversos aspetos da sua saúde – principalmente os males do coração, que são mais incidentes a partir dos 50 anos de idade.

O teste de colesterol é um exame de sangue que mede os níveis de colesterol (tanto o colesterol de alta densidade – HDL ou colesterol bom) e o colesterol de baixa densidade – LDL ou colesterol mau) e que revela se há ou não risco de doenças como a aterosclerose, AVC ou hipertensão arterial.

O hemograma avalia doenças como anemia, infeções bacterianas ou virais, inflamações e leucemia, que na terceira-idade estão mais propensas a causar complicações.

TSH

A incidência de hipotireoidismo aumenta com o passar da idade, principalmente nas mulheres. Isto acontece porque na fase da menopausa é muito comum a mulher sofrer da tireoidite de Hashimoto ou tireoidite crônica, doença autoimune em que o corpo produz anticorpos que atacam a tireoide, fazendo deste distúrbio a principal causa do hipotireoidismo.

Assim, durante o período em que as doenças autoimunes são mais frequentes, é possível que as hormonas, como o estrogénio, estejam a produzir fatores que contribuem para as doenças autoimunes, entre as quais a doença de Hashimoto.

Desta forma, o exame de TSH é importante para verificar se há alguma alteração significativa no funcionamento da tireoide que precise de tratamento.

Densitometria óssea

O exame de densitometria óssea é usado para medir a densidade dos nossos ossos, ou a massa óssea.

É utilizada uma tecnologia avançada de Raio-X, conhecida como absormetria radiológica de dupla energia (ou DEXA – Dual-Energy X-ray Absorptiometry), para medir a densidade dos ossos a fim de diagnosticar a osteoporose e avaliar o risco de fratura.

Devido a isto, é um exame de extrema importância a partir dos 50 anos de idade, uma vez que os nossos ossos crescem apenas até aos 20 anos e sua densidade aumenta até aos 35 anos, começando a perder-se progressivamente a partir daí.

É um exame que deve ser feito anualmente, porém a frequência pode mudar, conforme a indicação do médico.

Colonoscopia

O cancro do cólon e do reto têm, entre os principais fatores de risco, a idade. O consumo de álcool, o tabagismo e uma dieta pobre em fibras e rica em gordura são outros fatores de risco para este tipo de cancro.

O exame consegue identificar alterações da mucosa do intestino que podem evoluir para um cancro e o tratamento dessas alterações reduz o risco da doença.

A colonoscopia deve ser feita a partir dos 50 anos de idade, para pessoas sem histórico da doença na família.

Aqueles que possuem fatores de risco (parentes de 1º grau que tiveram cancro do cólon ou do reto) devem ser acompanhados com mais cuidado, sendo aconselhado a realização do primeiro exame a partir dos 40 anos de idade ou 5 a 10 anos antes da idade em que o parente mais novo recebeu o diagnóstico.

Porém este exame pode também ser indicado em casos de dores abdominais, alteração do hábito intestinal, hemorragias pelo ânus, diarreias e outras queixas relacionadas.

Se os resultados do exame indicarem que está tudo bem, este deve ser repetido a cada cinco ou dez anos. Se for detetado alguma anomalia, o exame deve ser repetido conforme a orientação do médico.

Raio-X de Tórax

Essencial para os fumadores, o raio-x de tórax é importante para avaliar o estado dos pulmões após os 50 anos.

Apesar do cancro do pulmão não ser o mais predominante, é um tipo de cancro mais agressivo. Por isso, se o indivíduo é ou foi fumador, deve visitar um pneumologista de forma anual para a deteção deste problema.

Após a meia-idade, este exame torna-se mais importante, uma vez que, quanto mais tempo estiver em contato com fumo dos cigarros, maiores serão os riscos.

A visita ao pneumologista deve também acontecer sempre que a pessoa tiver gripes ou resfriados. Sintomas como uma tosse que demora a passar, não podem ser ignorados, pois o risco deste problema evoluir para uma pneumonia é maior e pode levar o paciente à morte.

Outro cuidado fundamental é tomar as vacinas contra as infeções respiratórias (como a gripe e a pneumonia).

Eletrocardiograma

O sistema cardiovascular sofre diversas modificações com o decorrer da idade, que culminam com o comprometimento da função cardíaca.

Ocorrem alterações estruturais no coração, nas válvulas cardíacas e nas paredes das artérias, alterações essas que conduzem à diminuição da reserva funcional, limitando o desempenho cardiovascular durante as atividades físicas e noutras situações de esforço.

Por isso, recomenda-se uma visita anual ao médico a partir dos 40 ou 50 anos de idade, que fará uma análise clínica do paciente, avaliando se ele apresenta fatores de risco (como obesidade e gordura abdominal), além de solicitar o ecocardiograma e verificar a pressão arterial.

O eletrocardiograma é um exame realizado para avaliar o registo da variação dos potenciais elétricos gerados pela atividade do coração. Isto ajuda o médico a encontrar alterações, como a insuficiência cardíaca, arritmias e outras cardiopatias.

Em conjunto com o eletrocardiograma, é importante medir os valores de pressão arterial uma vez por ano, mesmo para quem não sofre de hipertensão, o que ajuda na prevenção e no tratamento da doença.

Exame de toque retal e PSA

A partir dos 45/50 anos de idade, todos os homens devem marcar uma consulta, anualmente, com um urologista, pois o risco de ser diagnosticado cancro da próstata aumenta.

A investigação desta doença é feita com uma história clínica completa, dosagem de PSA, toque retal e ultrassom da próstata por via retal.

O PSA é uma proteína que pode ser produzida pela próstata normal e que é produzida numa quantidade muito maior pelo tumor da próstata.

Estes exames devem ser realizados sempre e em conjunto, pois o toque retal nem sempre consegue detetar um cancro que apresenta dosagem de PSA, assim como 24 a 40% dos tumores não apresentam altas dosagens da proteína PSA, não sendo detetados pelo exame – mas podem ser detetados pelo toque retal.

O exame de toque retal também dá informações adicionais sobre a próstata, mesmo que não esteja relacionado à doença maligna, como a hiperplasia prostática benigna.

Além disso, o exame de toque retal também possibilita encontrar pólipos e retirar uma amostra de pele para uma biópsia.

Papanicolau e mamografia

O principal objetivo da mamografia é a prevenção do cancro da mama  – do qual as mulheres entre os 40 e 69 anos de idade são as principais vítimas.

Isto porque a exposição ao estrogénio (principal causador dos tumores) está no auge com a chegada dessa idade.

A partir dos 50 anos, particularmente, os riscos entram numa curva ascendente. Para as mulheres que não tem histórico familiar e são assintomáticas, a mamografia deve começar a ser feita a partir dos 40 anos.

Já para aquelas que possuem casos de cancro da mama na família, a mamografia deve começar a ser feita 10 anos antes do caso mais precoce entre as familiares que tiveram a doença.

Por exemplo: se uma mulher descobriu um cancro da mama aos 40 anos, a sua filha deve começar a fazer mamografias, anualmente, a partir dos 30 anos.

Juntamente com a mamografia, o exame Papanicolau deve continuar a ser feito mesmo após os 50 anos – independentemente da vida da mulher continuar a ser ativa ou não. Segundo os especialistas, este exame deve fazer parte da lista até aos 70 anos de idade.

Dosagens de vitamina D, cálcio e PTH

Em conjunto com a densitometria óssea, o exame para detetar deficiências de vitamina D e cálcio no sangue e ossos, é essencial para o acompanhamento do risco da osteoporose a partir da meia-idade.

Quando os níveis de vitamina D estão abaixo do normal, é sinal que a associação do cálcio nos ossos é nula – já que a vitamina é a responsável por essa ligação.

Além disso, também pode ser pedido um exame de PTH – que indica as quantidades da hormona paratireoide no seu organismo. Isto porque o PTH está relacionado com a absorção de cálcio e vitamina D pelo intestino e rins.

Desta forma, os altos níveis de PTH no sangue indicam que o cálcio pode não estar a ser utilizado como deveria para o fortalecimento dos ossos, pois não consegue ligar-se a eles, e o corpo precisa produzir mais PTH para livrar-se desses minerais que circulam no sangue.

Exames positivos para a deficiência de vitamina D e cálcio, em conjunto com alguma alta dosagem de PTH, são suspeitos para o acompanhamento de uma futura osteoporose e podem indicar a necessidade de suplementação vitamínica.

Ureia e creatinina

Exames que possam verificar os níveis de creatinina também são importantes para averiguar as funções do rim – uma vez que, quanto maiores são os níveis de creatinina, menos eficiente está o rim.

A creatinina serve de suporte para fazer o cálculo da taxa da quantidade de impurezas que o rim consegue filtrar.

Com o passar da idade este valor vai subindo gradualmente, e a função renal vai diminuindo, como um reflexo do envelhecimento – resta saber se estes níveis não resultarão numa insuficiência renal mais grave.

Este acompanhamento é ainda mais importante para pacientes com diabetes e hipertensão, já que estas condições elevam o risco de complicações renais.

A dosagem da creatinina é muito importante, pois ela pode aumentar de forma assintomática, servindo de alerta para a possibilidade de uma doença renal.

Glicemia de jejum

O risco de diabetes de tipo 2 aumenta, consideravelmente, a partir dos 45 anos de idade, principalmente devido ao aumento dos fatores de risco, como a obesidade – por isto, as pessoas que tem histórico familiar da doença e não fazem este exame com frequência, devem considerar incluir a dosagem na lista de exames anuais a partir desse período.

Portadores de diabetes de tipo 1, fazem o exame de glicemia de jejum com maior frequência, pois precisam saber os níveis de glicose para ajustar a dose de insulina a ser aplicada – nestes casos, o exame é feito em jejum ou então antes da próxima aplicação, usando um aparelho chamado glicosímetro.

Portadores de diabetes de tipo 2, com administração de medicação oral e, eventualmente insulina, fazem o exame com uma frequência menor, geralmente durante uma consulta médica.

Exames oftalmológicos

Após os 50 anos de idade, doenças como as cataratas e o glaucoma têm maior incidência, daí a necessidade de uma visita anual ao oftalmologista.

Grande parte das doenças dos olhos são irreversíveis, por isso, identificar o problema de forma precoce pode eliminar a necessidade de cirurgias.

É ainda possível identificar outras doenças silenciosas, como a diabetes e a hipertensão, apenas por meio de exames oculares.

E mesmo quem já sabe que é portador dessas doenças, pode melhorar o controlo clínico delas numa consulta oftalmológica.